PARTE VII: A Doutrina da Trindade é politeísta

PARTE VII: A Doutrina da Trindade é politeísta

Por Tsadok Ben Derech

Leciona a pagã doutrina trinitária que “Deus é um, mas, por um mistério, Deus consiste em três Pessoas divinas e diferentes (o Pai, o Filho e o Espírito Santo), cada qual inteiramente Deus. As três Pessoas são eternas e existem antes da criação de todas as coisas; são três Pessoas distintas, com personalidades distintas, trabalhando como uma”.

Este pensamento da Trindade é antibíblico, porque falar em três Pessoas, com personalidades diferentes, equivale à crença em três deuses (politeísmo). O Judaísmo pautado nas Escrituras, vivenciado por Yeshua e seus discípulos, sempre ensinou que o ETERNO é um (echad), ou seja, 1 (uma) Pessoa (Yochanan Marcus/Marcos 12:29).

Surgiu a ideia da Trindade por meio dos cristãos (gentios), influenciados pelo politeísmo da cultura greco-romana que refutava a existência de um único Ser Supremo. Enquanto o povo de Israel foi fundado com bases no monoteísmo, todas as demais nações sempre creram em várias divindades. Este paganismo adentrou logo cedo no Cristianismo, que tentou conciliar dois pensamentos totalmente opostos: 1) a concepção judaica monoteísta e 2) o pensamento greco-romano idólatra. Aos misturar dois ingredientes incompatíveis entre si, tal como adicionar ao leite dose de veneno, surgiu a maligna Doutrina da Trindade: “Deus é um (monoteísmo), porém, por um mistério, são três pessoas (politeísmo)”.

No início do Cristianismo, os primeiros crentes de língua grega não criam em Trindade, mantendo-se fiéis ao monoteísmo judaico. Criam corretamente que existe um ETERNO, que é apenas uma pessoa (prosopon), com três hypostasis (aspectos, substâncias). Percebe-se que o conceito grego de hypostasis equivale ao conceito semita de k’numeh. Então, os primeiros discípulos gregos transmitiram o verdadeiro sentido das Escrituras, sem heresia.

Posteriormente, já no século III D.C, o “Pai da Igreja” Tertuliano, na obra “Contra Práxeas”, criou o termo “trindade” (trinitas, em latim) e começou a difundir o pensamento de que o ETERNO são três pessoas.

Aqueles que criam que o ETERNO é UM eram chamados de “monarquistas”, e foram criticados por Tertuliano. Este afirmou que os monarquistas acreditavam que o Pai e o Filho eram a mesma Pessoa, isto é, o ETERNO:

“… nem o Pai é o mesmo que o Filho, de forma que ambos sejam UM, e UM ou OUTRO sejam ambos – uma opinião que os mais conceituados ‘monarquistas’ mantêm.” (Contra Práxeas, capítulo 10).

Interessante observar que Tertuliano reconhece que os monarquistas eram a maioria dos crentes no século III:

 “Os simples, de fato, (não os chamarei de não-sábios nem de indoutos), que constituem A MAIORIA DOS CRENTES, ficam assombrados com a dispensação (dos três em um), no sentido de que a sua própria regra de fé os afasta da pluralidade de deuses para um único e verdadeiro Deus; não compreendem que, apesar dEle ser o único e verdadeiro Deus, Ele deve ser crido em sua própria economia… Eles estão constantemente nos atacando, dizendo que somos pregadores de dois deuses e de três deuses, enquanto eles mantêm preeminentemente o crédito para eles mesmos de serem adoradores de UM Deus; tal como se a Unidade em si com suas deduções irracionais não produzisse heresia, e a Trindade racionalmente considerada constitui a verdade. ‘Nós’, dizem eles, ‘mantemos a Monarquia’ (ou único governo de Deus).” (Contra Práxeas, Capítulo 3).

No texto acima, fica claro que até o século III, quando Tertuliano escreveu a sua obra, a maioria dos discípulos de Yeshua rejeitava a doutrina da Trindade, que, de fato, somente começou a ser desenvolvida por Tertuliano. 

Como já exposto, a maioria dos crentes gentios mantinha crença de que Yeshua é o ETERNO, pensamento este que conflitava com a teologia de Tertuliano. Este assim escreveu sobre Práxeas, que era monarquista:

“Ele [Práxeas] diz que o próprio Pai desceu até a virgem, foi Ele mesmo nascido dela, Ele mesmo sofreu, de fato foi Ele mesmo Jesus Cristo.” (Contra Práxeas, capítulo 1).

Vejamos algumas citações em que Tertuliano critica a concepção original dos discípulos de Yeshua, que sempre creram que o Mashiach (Messias) é o próprio YHWH:

“No curso do tempo, então, o Pai verdadeiramente nasceu, e o Pai sofreu, o próprio Pai, o Senhor Todo-Poderoso, a quem em suas orações eles [os monarquistas] declaram ser Jesus Cristo.” (Contra Práxeas, capítulo 2).

“Mas já que eles consideram os Dois [o Pai e o Filho] como sendo senão Um…” (Contra Práxeas, capítulo 5).

No capítulo 31 de sua obra, Tertuliano ensina que a grande diferença entre o Judaísmo e o Cristianismo está no fato de que a primeira religião crê que o ETERNO é UM, enquanto a segunda se pauta pela ideia da Trindade, qual seja, o ETERNO são TRÊS pessoas. E mais: no mesmo capítulo, Tertuliano declara que os crentes judeus afirmavam que:

 “Ele [YHWH] é o mesmo que o Filho [Yeshua]”.

Ou seja, para os nazarenos, o Mashiach é o ETERNO. Vê-se, então, que o Cristianismo de Tertuliano se afastou das raízes do Judaísmo bíblico, a verdadeira religião ensinada por Yeshua e seus discípulos.

A disseminação da Doutrina da Trindade a partir do terceiro século terminou por implicar, já no quarto século, na convocação dos Concílios de Niceia (325 D.C) e de Alexandria (362 D.C), em que o pensamento trinitário, outrora minoritário, passou a constituir dogma do Catolicismo Romano.

Pensavam os antigos cristãos com toda propriedade que o ETERNO é um, uma pessoa (prosopon), com três aspectos ou substâncias (hypostasis). Com os Concílios do século IV, instituidores da pagã Doutrina da Trindade, houve uma inversão da verdade em mentira: todos foram obrigados a crer, sob pena de serem considerados hereges, que o ETERNO são três Pessoas (prosopa) com um único aspecto ou substância (hypostasis). Infelizmente, o maligno e pagão pensamento trinitário permanece até hoje no Cristianismo…

 

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