Por Tsadok Ben Derech
Afirma a Igreja Católica que Pedro foi o primeiro Papa e faleceu em Roma, razão pela qual a sede do Vaticano está instalada justamente onde o discípulo de Yeshua foi martirizado.
Estes fatos são usados pelo catolicismo romano para fundamentar a autoridade suprema do Papa, já que este seria sucessor de Pedro, bem como a ideia de que a sede da Igreja deve ser, necessariamente, em Roma.
Todavia, a doutrina católica está nitidamente incorreta!
Vejamos dados históricos concretos que aniquilam as inverdades propagadas pela Igreja Romana.
Hegesippus (Hegésipo) foi um escritor nazareno que viveu durante os anos 110 a 180 D.C, cujo provável nome em hebraico foi HaGish’fa. Eusébio de Cesareia escreveu que Hegésipo pertenceu à primeira geração dos sucessores dos apóstolos, o que o credencia como historiador.
Registrou Hegésipo boa parte da “tradição oral dos apóstolos” e as compilou em uma obra chamada “Memórias”, em cinco volumes, escrevendo-as, segundo o relato de Eusébio, em hebraico e aramaico.
Infelizmente, a monumental obra deste discípulo de Yeshua está perdida, porém, no livro História Eclesiástica, Eusébio de Cesareia (265 a 339 D.C) citou alguns trechos do tratado de Hegésipo, que ainda não havia desaparecido. Por conseguinte, serão investigados os preciosos relatos históricos de Hegésipo, cabendo advertir que se tomou a liberdade de colocar algumas palavras da obra “Memórias” em hebraico, língua original de seus escritos.
No livro V de suas “Memórias”, escreveu Hegésipo:
“Sucessor na direção da Kehilá [Congregação] é, junto com os apóstolos, Ya’akov [‘Tiago’], o irmão do Senhor. Todos dão-lhe o sobrenome de ‘Justo’ [HaTsadik], desde os tempos do Senhor até os nossos, pois eram muitos os que se chamavam Ya’akov [‘Tiago’]. Mas somente este foi santo desde o ventre de sua mãe. Não bebeu vinho nem bebida fermentada, não comeu carne; sobre sua cabeça não passou tesoura nem navalha e tampouco ungiu-se com azeite nem usou do banho.” (Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, editora Novo Século, 2002, página 47).
Ante a declaração transcrita, percebe-se que, após a morte de Yeshua, a liderança dos emissários (“apóstolos”) ficou a cargo de Ya’akov (Tiago), irmão do Mashiach. Isto derruba a ideia católica de que Pedro (Kefá) foi o primeiro “Papa”, ou líder dos discípulos. A bem da verdade, segundo o texto visto acima, a liderança foi compartilhada coletivamente entre os apóstolos (emissários) e Ya’akov (Tiago). Em dado momento de sua obra, Hegésipo destaca Ya’akov como o principal líder dos emissários.
E Kefá (“Pedro”)? Não teria ele morrido em Roma?
Não.
Primeiramente, cabe destacar que não existe nenhuma prova arqueológica no sentido de que Kefá (“Pedro”) faleceu em Roma. Pelo contrário, existe prova de que Kefá (“Pedro”) morreu em Yerushalayim (Jerusalém).
No livro “Gli Scavi del Dominus Flevit”, escrito por P. B. Bagatti e J. T. Milik, sendo ambos padres católicos, afirma-se que Kefá (“Pedro”) faleceu em Yerushalayim (Jerusalém), e que seu ossuário estaria no Monte das Oliveiras, onde atualmente se encontra o mosteiro franciscano denominado “Dominus Flevit”.
Em escavações realizadas, descobriu-se que o local se tratava, no passado, de um cemitério utilizado pelos discípulos de Yeshua HaMashiach, e foram encontradas caixas com os restos mortais das irmãs Miryam (“Maria”) e Marta, e ao lado também há o ossuário de El’azar (“Lázaro”), irmão das duas primeiras, conforme relatos da B’rit Chadashá (Nova Aliança/”Novo Testamento”).
Há três metros e sessenta centímetros das caixas contendo os restos mortais de Miryam (“Maria”), Marta e El’azar (“Lázaro”), encontra-se um ossuário escrito claramente em aramaico: “Shem’un Bar Yauna” (“Simão, filho de Jonas”). Ora, este é justamente o nome e a filiação de Kefá (“Pedro)”, consoante a descrição contida em Matityahu/Mateus 16:17 e Yochanan/João 1:42 e 21:15 a 17.
Eis o local onde o ossuário foi encontrado, a inscrição e sua transcrição:
Segundo especialistas, a inscrição data do primeiro século, pouco antes da destruição de Jerusalém no ano 70 DC, e isto coincide com a tese comumente aceita no sentido de que Kefá (“Pedro”) faleceu por volta do ano 67 DC.
Ao entrevistar vários padres franciscanos em Jerusalém, F. Paul Peterson obteve a informação de que os restos mortais de Kefá (“Pedro”) realmente estão em Jerusalém, e não em Roma1.
Por que os restos mortais de Kefá (“Pedro”) ficaram em um ossuário?
Era costume romano que, quando uma pessoa tivesse morrido e depois de dez anos de decomposição, o túmulo fosse aberto. Os ossos eram colocados em um pequeno ossuário com o nome da pessoa cuidadosamente escrita na frente externa. Estes ossuários seriam então colocados em uma caverna para dar espaço para outros.
Para finalizar este breve estudo, mister citar a conclusão de F. Paul Peterson, que pesquisou o caso em Jerusalém, inclusive ouvindo autoridades na matéria:
“Aqui está a maior prova de que Pedro nunca foi um Papa, e nunca esteve em Roma, pois, se tivesse sido, certamente teria sido proclamado no Novo Testamento. A História, do mesmo modo, não teria sido silenciosa sobre o assunto”2.