Por Tsadok Ben Derech
Atualmente, não existem manuscritos originais de nenhum livro das Escrituras, tanto do Tanach (Primeiras Escrituras/“Antigo Testamento”), quanto da B’rit Chadashá (Nova Aliança/“Novo Testamento)”. Os livros existentes são cópias de cópias.
Em relação à B’rit Chadashá, cremos na existência de originais semitas (hebraico e/ou aramaico), pois existem registros históricos apontando que os antigos judeus nazarenos usavam as Escrituras em línguas semitas, tal como escrevemos no livro “Judaísmo Nazareno” (página 47):
“Eles têm o evangelho segundo Mateus totalmente em hebraico. Pois é claro que eles ainda preservam esta obra no alfabeto hebraico, como ele foi originalmente escrito” (Epifânio de Salamina; Panarion 29).
“Escreveu [Hegésipo, o Nazareno] também muitas outras coisas, das quais fizemos menção anteriormente, em parte, ao dispor as narrativas conforme as circunstâncias. Põe algumas coisas tomadas do Evangelho dos hebreus e do Siríaco [Aramaico], e em particular tomadas da Língua Hebraica, mostrando assim que se fez crente sendo hebreu.” (Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, editora Novo Século, 2002, página 92).
Por que atualmente não temos mais os documentos originais da B’rit Chadashá?
A inexistência de originais semitas da B’rit Chadashá ocorre em razão dos seguintes fatores:
1) decurso do tempo, gerando o perecimento dos pergaminhos;
2) destruição dos manuscritos originais, em razão da grande perseguição e extermínio de judeus pelos romanos durante três grandes guerras: i – guerra que levou à destruição do templo em 70 DC; ii – guerra durante o governo do imperador Trajano em 115 a 117 DC, perseguindo os judeus na Diáspora; iii – revolta de Bar Kochba em 132 a 135 DC. Importante lembrar que nestas guerras cerca de dois milhões de judeus foram assassinados pelos romanos, ou seja, grande parte da população judaica na época foi dizimada, e consequentemente livros semitas (hebraico e/ou aramaico) da B’rit Chadashá foram destruídos.
Já que atualmente os manuscritos originais da B’rit Chadashá não existem mais, cremos que seus textos foram copiados ou traduzidos para os diversos manuscritos existentes (Peshita, Peshito, Siríaco Antigo, DuTillet, e diversos manuscritos gregos), e a originalidade de determinada seção das Escrituras pode ser determinada por meio da Crítica Textual.