Tsadok Ben Derech
“E o Santo, abençoado seja Ele, ordenou aos que são como ovelhas [ou seja, os que se comportam como animais] que sacrifiquem animais em seu lugar, para fazer expiação por eles. Mas os sacrifícios daqueles que são como anjos são as boas ações.” (Zohar, Parashat Pinchás)
De acordo com toda a sistemática da B’rit Chadashá, Yeshua se ofereceu voluntariamente para morrer no lugar dos pecadores, cumprindo-se a profecia de Yeshayahu (Isaías) sobre o “Servo Sofredor” (Is 52:13 a 53:12). Ou seja, a morte do Mashiach para a remissão dos pecados possui fundamento nas próprias Escrituras.
Além de constar de diversas passagens da B’rit Chadashá, o sacrifício de Yeshua é detalhado no livro de Ivrim (Hebreus), que explica a morte sacrificial de Yeshua como ato único e perfeito, inferindo-se daí que não seriam mais necessários os sacrifícios de animais:
IVRIM (Hebreus), Capítulo 10.
Tradução do Aramaico feita por Tsadok Ben Derech
“1 Porque na Torá há a imagem[1] das boas [coisas] que foram preparadas, não a substância das coisas em si. Portanto, embora sejam oferecidos os mesmos sacrifícios a cada ano, estes nunca foram capazes de tornar perfeitos[2] aqueles que os ofereciam.
2 Porque, se eles se tornassem perfeitos[3], já teriam cessado suas ofertas, porque então não seriam afligidos[4] por sua consciência dos pecados, aqueles que uma vez foram purificados[5] deles.
3 Não obstante, nestes sacrifícios eles se recordam de seus pecados a todo ano,
4 pois não é possível que o sangue de bois[6] e cabras purifique[7] pecados.
5 Por isso, quando ele entrou no mundo, disse: Sacrifícios e ofertas tu não desejas[8]; mas com um corpo me vestiste.
6 E ofertas queimadas e sacrifícios pelos pecados não pediste.
7 Então, eu disse: Eis que venho, como no princípio dos Escritos[9] está escrito sobre mim, para fazer a tua vontade, [ó] Elohim[10].
8 Acima ele disse: Sacrifícios, e ofertas, e ofertas queimadas pelos pecados tu não desejas[11], estas que são oferecidas segundo a Torá.
9 E depois ele disse: Eis que eu venho para fazer a tua vontade, [ó] Elohim[12]. Com isso, ele cessou[13] a primeira [oferta[14]] para estabelecer a segunda [oferta].
10 Porque por sua vontade nós somos santificados através da oferta do corpo de Yeshua HaMashiach, [feita] uma vez[15].
11 Porque todo Kohen HaGadol, que se levantou e servia todo dia, oferecia os mesmos sacrifícios, que não foram capazes de limpar[16] os pecados.
12 Mas este [Yeshua HaMashiach] ofereceu 1 (um) sacrifício pelos pecados, e sentou-se à direita de Elohim para sempre[17].
13 E desde então espera, até que seus inimigos sejam postos por estrado debaixo de seus pés[18].
14 Pois com 1 (uma) oferta aperfeiçoou aqueles que foram santificados[19] por ele para sempre.
15 E a Ruach HaKodesh também testifica para nós, dizendo:
16 Esta é a aliança que eu lhes darei depois daqueles dias, diz YHWH: Porei a minha Torá em suas mentes e a escreverei em seus corações[20],
17 e de suas iniquidades[21] e de seus pecados não me lembrarei[22].
18 Ora, onde há remissão[23] dos pecados, não é requerida oferta pelos pecados”.
Consoante se observa no texto supratranscrito, o sacrifício de Yeshua foi suficiente para fazer kapará (expiação) pelos pecados, não sendo mais preciso o sacrifício de animais.
O Talmud confirma que, após a morte de Yeshua, o ETERNO passou a não aceitar mais o sacrifício de animais no Beit HaMikdash (Templo). Com efeito, relata o Talmud que o sistema sacrificial foi alterado por volta de quarenta anos antes de o Templo ser destruído, isto é, exatamente quando ocorreu a execução de Yeshua HaMashiach:
“Nossos rabinos ensinaram que ao longo dos quarenta anos em que Shim’on o Tsadik [Justo] serviu (…) o tecido vermelho se tornou branco. Daquela época em diante, ele às vezes ficava branco e às vezes não… ao longo dos últimos quarenta anos antes de o Templo ser destruído (…) o tecido escarlate nunca mais ficou branco” (Talmud Bavli, m. Yoma 39a-39b).
Este relato talmúdico se refere à atividade do Kohen HaGadol (Sumo Sacerdote) que sacrificava um cordeiro, amarrando-o a um pedaço de tecido vermelho entre seus chifres. Após o sacrifício, se o tecido ficasse branco, isto significaria que Elohim tinha perdoado os pecados de Yisra’el: “ainda que os vossos pecados sejam escarlates, eles se tornarão brancos como a neve” (Is 1:18).
Afirma o Talmud que o tecido nunca mais ficou branco por volta de 40 anos antes da destruição do Templo, isto é, aproximadamente no ano 30 D.C, que foi justamente a época da morte de Yeshua, haja vista a variação de três a quatro anos no calendário. Logo, a partir da morte do Mashiach, o sistema do sacrifício de animais para a expiação de pecados não mais era aceito pelo ETERNO! Por quê? Porque agora somente há kapará por meio do sangue de Yeshua HaMashiach !!!
Para consolidar o término do sistema sacrificial, o ETERNO permitiu que os romanos destruíssem o Templo no ano 70 DC, e até hoje perdura esta situação.
Não obstante, surgiu recentemente em Israel uma organização religiosa denominada “Instituto do Templo”, que tem por objetivo reconstruir o terceiro Templo e reativar toda a atividade de sacrifício de animais.
Nós, que cremos em Yeshua HaMashiach, discordamos veementemente do reinício do sistema de sacrifícios, porquanto entendemos que o sacrifício de Yeshua foi perfeito e ocorreu justamente para eliminar a necessidade de sacrifícios adicionais, cumprindo-se a profecia do “Servo Sofredor” (Is 52:13 a 53:12).
Ademais, vasto segmento do Judaísmo Normativo acredita que, após a manifestação do Mashiach, não serão mais necessários os sacrifícios de animais.
Então, eis o nosso raciocínio:
1) com a vinda do Mashiach não será mais necessário o sacrifício de animais (pensamento de certa corrente doutrinária do Judaísmo);
2) Yeshua HaMashiach já veio;
3) Conclusão: o sistema sacrificial perdeu aplicabilidade.
Vale registrar, aqui e agora, os motivos pelos quais certos Rabinos afirmam que na Era Messiânica não haverá o sacrifício de animais.
Apesar de muitos Rabinos sustentarem que foi do desejo do ETERNO o estabelecimento do sistema sacrificial para que houvesse o restabelecimento do relacionamento perfeito entre Elohim e Israel (ex: Kuzari, Parte II), outros Rabinos alegam que, em verdade, o ETERNO nunca desejou o sacrifício de animais, visto que o extermínio de criaturas inocentes contraria a grande compaixão que pulsa no coração de YHWH.
Durante o tempo de Moshé (Moisés), foi a prática geral entre todas as nações pagãs adorar por meio do sacrifício, e havia muitos rituais idólatras associados a este tipo de culto.
O grande filósofo judeu Maimônides afirmou que Elohim não ordenou aos israelitas que parassem os sacrifícios porque “obedecer a tal mandamento teria sido contrário à natureza do homem, que geralmente se apega ao que é comumente usado”. Por esta razão, o ETERNO permitiu que os hebreus fizessem sacrifícios, mas “Ele transferiu para Seu serviço o que era usado na adoração de seres criados e de coisas imaginárias e irreais”, ou seja, todos os elementos da idolatria foram removidos. Para Maimônides, se os israelitas não fizessem sacrifícios para o verdadeiro Elohim, terminariam por oferecer sacrifícios a outros deuses (Guia dos Perplexos III:32), e conclui:
“Por este plano divino, os traços da idolatria foram apagados e o verdadeiro princípio da nossa fé – a existência e a unidade de Deus – estava firmemente estabelecido. Este resultado foi assim obtido sem dissuadir ou confundir as mentes do povo pela abolição do serviço ao qual estavam acostumados e que lhes era familiar” .
Também dispõe o Midrash Rabá que o ETERNO disse:
“É melhor que eles tragam suas ofertas sacrificiais para Minha mesa do que as tragam para os ídolos” (Vayikrá Rabá 22:8).
O Rabino Abarbanel reforçou o argumento de Maimônides citando um Midrash no sentido de que os judeus se acostumaram aos sacrifícios no Egito. Para desviá-los das práticas idólatras, o ETERNO tolerou os sacrifícios, mas ordenou que fossem oferecidos em um Santuário central:
“Então, o Santo, Bendito Seja disse: ‘Deixem que em todos os momentos eles ofereçam os seus sacrifícios diante de mim no Tabernáculo, e serão desgastados da idolatria, e assim serão salvos’” (Rabi JH Hertz, The Pentateuch e Haftorahs, pág. 562).
De acordo com o rabino JH Hertz, se Moshé não tivesse instituído sacrifícios, que foram admitidos por todos como expressão universal de reverência religiosa, sua missão falharia e o Judaísmo teria desaparecido. Com a destruição do Templo, os rabinos afirmaram que a oração e as boas ações tomaram o lugar do sacrifício.
Rashi indicou que Elohim não obrigou que os israelitas trouxessem sacrifícios, uma vez que a oferta sacrificial era um ato voluntário de escolha. Fundamenta Rashi na Haftará da Parashat Vayikrá, em que há a discussão de toda a questão dos sacrifícios e depois se lê:
“Não me trouxeste o gado miúdo dos teus holocaustos, nem me honraste com os teus sacrifícios; não te fiz servir com ofertas, nem te fatiguei com incenso” (Yeshayahu/Isaías 43:23).
O preclaro judeu e comentarista bíblico David Kimchi (Radak) também afirmou que os sacrifícios eram voluntários, extraindo seu entendimento das palavras de Yirmeyahu:
“Porque nunca falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.
Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Elohim, e vós sereis o meu povo; e andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem” (Yirmeyahu/Jeremias 7:22-23).
Assevera Radak que em nenhum dos Dez Mandamentos há alguma referência ao sacrifício, e mesmo quando os sacrifícios são mencionados pela primeira vez (Lv 1:2), a expressão usada é “quando trouxerem uma oferta”, sendo que no hebraico a palavra “ki” também significa “se”, podendo o texto ser lido da seguinte forma: “se trouxerem uma oferta”. Ou seja, trata-se de um ato voluntário.
Muitos eruditos judeus, como o aclamado Rabino Yitschak Kook (Olat Ha-Reiyah, vol. 1, p. 292), acreditam que os sacrifícios de animais não existirão na Era Messiânica, mesmo com o restabelecimento do Templo previsto pelo profeta Yechezk’el (Ezequiel). Pensam os estudiosos que naquela época a conduta humana terá avançado para padrões tão elevados que não haverá mais necessidade de sacrifícios de animais para expiar os pecados. Apenas as ofertas que não envolvam animais (ex: grãos e azeite) existirão para expressar a gratidão ao ETERNO.
Giza o Rabino Kook que na Era Messiânica o Sanhedrin se reunirá e abolirá os sacrifícios de animais, em função da intuição moral que reflete a vontade divina, permitindo, pois, que as autoridades haláchicas encontrem base textual genuína para a sua nova compreensão (Igerot Ha-Reiyah, Vol. 1, p 103).
Importante destacar que o Rabino Kook não está propondo algo contrário à Torá, mas, de acordo com o seu pensamento, na Era Messiânica ocorrerá uma revelação da verdade de Torá que anteriormente estava escondida. A verdade está latente, e com o desenvolvimento de ideias morais, que é conduzido por Deus, a nova visão da Torá se tornará aparente.
Pautado em Malachi (Malaquias) 3:4, o Rabino Kook ministra que o verso diz respeito à Era Messiânica, e é mencionada a “minchá”, que não é uma oferta de animal (Lv 2:1): “Quando alguém fizer a YHWH uma oferta de minchá, a sua oferta será de flor de farinha; deitará nela azeite…”.
Aliás, há um Midrash que afirma:
“Na Era Messiânica, todas as ofertas cessarão, exceto a minchá [oferta de farinha e azeite], que continuará para sempre”.
Isso se compatibiliza com o entendimento do Rabino Kook e de outros Rabinos no sentido de que na Era Messiânica tanto as pessoas quanto os animais serão vegetarianos, consoante a profecia de Yeshayahu:
“E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará.
A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi.
E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide, e a desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco.
Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento de YHWH, como as águas cobrem o mar” (Yeshayahu/Isaías 11:6-9).
Ora, não haverá dano nem mal, razão pela qual os animais não poderão ser sacrificados. Ademais, não será possível o sacrifício, pois a morte terá desparecido:
“Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o YHWH ELOHIM as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque YHWH o disse” (Yeshayahu/Isaías 25:8).
Explica o Rabino Immanuel Schochet que na Era Messiânica “até a própria morte desaparecerá” (Mashiach, editora Maayanot). Em decorrência, não existirão os sacrifícios de animais.
O Midrash confirma, fundado em Yeshayahu (Is) 25:8, que a morte desaparecerá:
“… não haverá mais morte no mundo, pois diz: Ele engolirá a morte para sempre; e YHWH Elohim apagará as lágrimas de todos os rostos; e a repreensão de Seu povo Ele tirará (Is XXV, 8)” (Midrash Rabá, Shemot Rabá XV, 21).
Em artigo publicado pelo Rabino Solomon Isaac Scheinfeld (1860-1943), sob o pseudônimo Even Shayish, este chegou a argumentar que os sacrifícios de animais não serão revividos, e que agora seriam irrelevantes para o Judaísmo.
Por sua vez, o Rabino Simhah Paltrovitch, em Simhat Avot (New York, 1917), pgs. 7-8), explica que nos dias do Mashiach não haverá mais sacrifícios. Para fundamentar sua concepção, raciocina em termos místicos, alegando que no presente mundo a interpretação sobre os sacrifícios ocorre em nível “p’shat” (literal), mas na Era Messiânica tais preceitos serão interpretados no nível “sod” (segredo/mistério).
O Rabino Joseph Messas também cita a opinião de Maimônides sobre os sacrifícios, e conclui que não haverá retorno da ordem de sacrifício (Otzar Ha-Mikhtavim, vol. 2, nº 1305). Para refutar o argumento de que a abolição dos sacrifícios implicaria em alteração da Torá, disserta o Rabino Messas que os sacrifícios só deveriam ser oferecidos em uma sociedade em que as pessoas estavam unidas a noções religiosas primitivas associadas à idolatria e aos sacrifícios de animais que acompanhavam tais ritos idólatras. No entanto, uma vez que este estágio da humanidade passou, então, não haverá qualquer obrigação de sacrifícios.
Diversos rabinos, que afirmam que não existirão os sacrifícios na Era Messiânica, citam ainda os seguintes textos:
“Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Elohim, mais do que os holocaustos” (Hoshea/Oseias 6:6).
“De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz YHWH? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes.
Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios?
(…)
Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.
Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal” (Yeshayahu/Isaías 1:11-12, 15-16).
“Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro.
E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos” (Amos/Amós 5:21-22).
“Fazer caridade e justiça é mais aceitável ao ETERNO do que sacrifício” (Mishlei/Provérbios 21:3).
“Agradar-se-á YHWH de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma?
Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que YHWH pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Elohim?” (Michá/Miqueias 6:7-8).
“Sh’mu’el, porém, disse: Tem, porventura, YHWH tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz de YHWH? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros” (Sh’mu’el Álef/1 Samuel 15:22).
No âmbito do Judaísmo Reformista, entende-se que o sistema sacrificial existiu apenas em função de um contexto histórico específico, que não existe mais. Consequentemente, na liturgia do Judaísmo Reformista não há orações postulando a reconstrução do Templo e a reativação do sistema dos sacrifícios. Neste sentido, ensinam os Rabinos Gunther Plaut e David Stein:
“Os Reformadores disseram claramente que, qualquer que seja o propósito que o sacrifício tenha servido nos tempos antigos, agora é obsoleto e sem significado para o futuro. Eles, portanto, eliminaram do serviço da sinagoga as orações tradicionais para a restauração do templo e do culto. Hoje, os movimentos conservadores e reconstrucionistas também renunciaram explicitamente à esperança de retornar ao sistema de sacrifício” (The Torah: A Modern Commentary, Revised; Accordance electronic ed., New York: Union for Reform Judaism, 2006, páginas 677-678).
À luz de todos os argumentos e textos bosquejados, conclui este estudo com as seguintes proposições:
1) o ETERNO não desejou que os sacrifícios de animais existissem, apenas os instituiu temporariamente para o cumprimento de sua função, qual seja, levar os israelitas à adoração ao único e verdadeiro Elohim, afastando-se de práticas idólatras;
2) segundo forte corrente rabínica, os sacrifícios eram voluntários, pois o ETERNO sempre desejou a obediência e o arrependimento, que são superiores e melhores do que o sacrifício em si;
3) à luz da B’rit Chadashá, o sistema sacrificial previsto no Tanach apontava para o futuro sacrifício de Yeshua HaMashiach;
4) o sacrifício do Mashiach é único e perfeito, razão pela qual não faz mais sentido o restabelecimento do sistema de sacrifício de animais. E mais: o método de expiação dos pecados pelo sangue do Mashiach foi instituído pelo próprio ETERNO;
5) caso homens reconstruam o terceiro Templo e reiniciem o sistema sacrificial, os discípulos de Yeshua HaMashiach não deverão participar dos atos religiosos no local, visto que isto implicaria na negativa do sacrifício realizado por Yeshua e no poder expiatório do seu sangue derramado;
6) mesmo com a reconstrução do Templo, no advento da Era Messiânica não existirão sacrifício de animais, mas tão somente a minchá com oferta de grãos (tese defendida até mesmo por diversos setores do Judaísmo Normativo).
[1] Ou: reflexo, tipo, sombra.
[2] Ou: completos.
[3] Ou: completos.
[4] Ou: tocados, feridos, atingidos.
[5] Ou: limpos.
[6] Ou: touros.
[7] Ou: limpe.
[8] Ou: “Sacrifícios e ofertas não te agradam…”;
[9] Trata-se da terceira divisão do Tanach, qual seja, os K’tuvim (Escritos), que se iniciam justamente com o Livro de Salmos (Tehilim), este é citado no verso em questão.
[10] Tehilim (Sl) 40:7-9 (6-8).
[11] Tehilim (Sl) 40:7 (6).
[12] Tehilim (Sl) 40:8-9 (7-8).
[13] Ou: aboliu, invalidou, absolveu de uma obrigação legal.
[14] Fez-se esta interpolação com fundamento na ideia apresentada pelo próximo verso. Assim sendo, cotejando os versos 8 e 10, depreende-se que “a primeira [oferta]” (verso 9) refere-se ao conjunto de sacrifícios e ofertas insculpido na Torá (verso 8), enquanto a “segunda [oferta]” (verso 9) diz respeito à oferta do corpo de Yeshua (verso 10), ou seja, o seu autossacrifício. Por conseguinte, assevera o autor de Hebreus que a oferta sacrificial de Yeshua fez cessar a obrigação legal dos sacrifícios previstos na Torá.
[15] Ou: em um tempo.
[16] Ou: purificar.
[17] Tehilim (Sl) 110:1.
[18] Tehilim (Sl) 110:1.
[19] Ou: consagrados, tomados em casamento.
[20] Yimeyahu (Jr) 31:32 (33).
[21] Ou: injustiças.
[22] Yirmeyahu (Jr) 31:33 (34).
[23] Ou: perdão.