Moedim: os tempos apontados por YHWH

Moedim: os tempos apontados por YHWH

I – FESTAS BÍBLICAS VERSUS FESTAS PAGÃS

Já foi dito, no capítulo primeiro, que a comunidade dos fiéis a Yeshua era constituída dos netsarim (nazarenos), nome inicialmente aplicado tanto para os judeus quanto para os gentios. Em momento posterior, o nome netsarim passou a ser usado somente para designar os judeus, sendo denominados os gentios de cristãos. Ambos os grupos andavam juntos e se uniam em comunhão nas sinagogas, e não nas igrejas, até então inexistentes. Porém, os cristãos começaram a sincretizar a fé de Yeshua com elementos pagãos, já que provinham de culturas idólatras. O produto de tal amálgama foi a criação do Cristianismo como instituição distinta do Judaísmo, uma nova religião repleta de ingredientes pagãos.

Neste capítulo, far-se-á um breve estudo sobre as festas bíblicas instituídas pelo ETERNO, celebradas pelos netsarim (nazarenos), contrapondo-as às festas pagãs albergadas pelo Cristianismo.

Relata a Escritura que Sha’ul (Paulo) criticou os cristãos gentios que estavam celebrando festivais pagãos no lugar das festas determinadas pelo ETERNO:

“Outrora, quando vocês não conheciam a Elohim, serviam aos que por natureza não são deuses.

Mas agora, conhecendo a Elohim, ou, antes, sendo conhecidos por Elohim, como vocês retornam outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo querem servir?

Vocês guardam dias, e meses, e tempos, e anos [pagãos].

Temo que os meus esforços por vocês tenham sido inúteis.” (Gálatas 4:8-11).

Sobre a interpretação desta passagem, escreveu o rabino James Trimm:

“Mesmo no primeiro século, Paulo criticou aqueles que já estavam tentando incorporar seus feriados pagãos para a fé (Gl 4:8-11). Logo cedo, as festividades pagãs acabaram por substituir as festas bíblicas.” (Operation Kiruv, Study Guide 2).

Atualmente, o Cristianismo deixou de lado as festas determinadas pelo ETERNO (Vayikrá/Levítico 23) e incorporou várias festas pagãs.

O Natal, por exemplo, comemorado em 25 de dezembro, nada tem que ver com o nascimento de Yeshua HaMashiach, bastando verificar que as Escrituras não indicam este dia como sendo santo. O Natal tem sua origem na festa romana dedicada ao deus Saturno, com duração de 4 dias, período em que ninguém trabalhava e os amigos e parentes se visitavam e trocavam presentes. Quando o Cristianismo foi oficializado por Constantino, no século IV, a Igreja Romana buscou converter o maior número de pessoas, sincretizando os diversos cultos idólatras com os cultos cristãos, criando-se a mentira de que “Cristo nasceu em 25 de dezembro”.

Por outro lado, a comemoração do Ano Novo também tem origem no paganismo, visto que no primeiro século o imperador Júlio instituiu o Ano Novo em homenagem ao deus Janus, a divindade das portas, passagens, inícios e fins. Verifique que o paganismo está até no nome: comemora-se a passagem de 31 de dezembro para primeiro de Janeiro (mês do deus Janus). Posteriormente, a Igreja Católica Romana também adotou tal festividade idólatra.

Os netsarim (nazarenos) não comemoravam qualquer festa pagã, inclusive o Natal e o Ano Novo, porque o ETERNO determinou em sua Torá que Seu povo não deveria adotar os costumes malignos das nações:

“Quando entrares na terra que YHWH teu Elohim te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.” (Devarim/Deuteronômio 18:9).

Sha’ul HaShaliach (o emissário Paulo) reforçou o ensino de nos apartarmos do paganismo:

“Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice de demônios; não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa de demônios.” (1ª Coríntios 10:21).

Alguns dizem: “ah, mas todos participam do Natal e do Ano Novo, por que não posso celebrá-los?”. A resposta é simples: devemos escolher a quem iremos servir, a YHWH ou aos demônios. Não é pelo fato de a maioria seguir as festividades pagãs que iremos trilhar o mesmo caminho, lembrando-se que a maioria está perdida, como ensinou Yeshua:

“… é estreito o portão, e difícil o caminho que conduz à vida, e apenas uns poucos o encontram” (Matityahu/Mateus 7:14).

Em vez de se contaminar com as festas pagãs, o verdadeiro discípulo de Yeshua guarda as festas determinadas pelo ETERNO, que são estatutos perpétuos. Apresentá-las-emos de modo resumido, considerando que o estudo aprofundado do tema exigiria um livro específico.

 

II – PESSACH

A celebração da festa de Pessach (Páscoa) foi designada pelo ETERNO:

“No mês primeiro, no décimo quarto dia do mês, entre o pôr do sol e as trevas completas, é pessach [páscoa] para YHWH.” (Vayikrá/Levítico 23:5).

Esta festa celebra a redenção da escravidão de Israel no Egito (Shemot/Êxodo 12), sendo comemorada no 14º dia do primeiro mês. Vale destacar que, à luz das Escrituras, o primeiro mês é o de Aviv, não se relacionando com o primeiro mês romano (janeiro). E mais: a páscoa cristã (católica e evangélica) não é celebrada no dia determinado pelo ETERNO e, por isso, nada tem que ver com a verdadeira festa designada nas Escrituras.

Alegramo-nos com a festa de pessach, pois recordamos as maravilhas que o ETERNO fez para libertar o nosso povo do jugo egípcio, denotando sua fidelidade, graça e compaixão para conosco.

Consoante a narrativa de Lucas, Yeshua e sua família participavam todos os anos de pessach em Yerushalayim (Jerusalém), denotando que os pais do Mashiach eram fiéis ao cumprir o mandamento relativo a tal festa:

“Ora, todos os anos iam seus pais a Yerushalayim [Jerusalém] à festa de pessach.” (Lucas 2:41).

Já na fase adulta, Yeshua continuou a guardar pessach:

“E estava próxima pessach, e Yeshua subiu a Yerushalayim [Jerusalém].” (Yochanan/João 2:13).

Foi durante a celebração de pessach que Yeshua, reunido com seus talmidim, proferiu as famosas palavras:

“ ‘Peguem e comam; isto é o meu corpo’. Ele também pegou um cálice de vinho, disse uma b’rachá [benção], e o deu a eles, dizendo: ‘Bebam dele todos vocês. Porque este é o meu sangue, que confirma a Aliança Renovada [ou ‘Nova Aliança’], meu sangue derramado a favor de muitos, para que tenham os pecados perdoados’.” (Matityahu/Mateus 26:26-28).

Por conseguinte, se em pessach (páscoa) o cordeiro foi imolado e seu sangue aplicado na casa dos filhos de Israel para livrá-los da morte dos primogênitos (Shemot/Êxodo 12), paralelamente, Yeshua é o cordeiro de pessach que derramou o seu sangue para a remissão dos pecados de seus fiéis. Yeshua é o “Cordeiro de Elohim que tira o pecado do mundo” (Yochanan/João 1:29).

Sha’ul afirmou que Yeshua é nosso Pessach, razão pela qual os netsarim celebravam esta festa (como todas as outras bíblicas) no primeiro século:

“…Porque o Mashiach [Messias], nosso Pessach, já foi sacrificado.

Pelo que celebremos a festa …” (1ª Coríntios 5: 7-8). 

Cumpre registrar que, no momento em que Yeshua estava celebrando pessach, disse a seus discípulos: “Isto é meu corpo, dado por vocês; façam isto em memória de mim” (Lc 22:19). Isto o que? A celebração de pessach! Ou seja, Yeshua ordenou que a cada comemoração de pessach, em que um cordeiro era sacrificado, seus discípulos lembrassem que Ele é o Cordeiro que tira o pecado do mundo (Yochanan/João 1:29). Assim, Yeshua determinou que a celebração, como ato memorial, de sua morte e ressurreição fosse realizada em pessach, e não em outra data. Portanto, Yeshua nunca instituiu uma “Santa Ceia” ou “Ceia do Senhor”, como pensam equivocadamente os cristãos, mas tão somente prescreveu que no seder (“ceia”) de pessach, ou seja, na alimentação comunal que ocorre nesta festa, houvesse a lembrança de seu sacrifício expiatório.

Ante tais fatos, os netsarim (nazarenos) não celebram a “Santa Ceia” inventada pelo Cristianismo, mas comemoram a morte e a ressurreição de Yeshua na data em que ele determinou: a festa de pessach.

A “Santa Ceia” cristã, tal como celebrada pelos cristãos, tem origem nos rituais pagãos e idólatras, sendo estranha à festa de pessach instituída pelo ETERNO. Eis o comentário do cristão Frank A. Viola:

“O misticismo associado à Eucaristia [Ceia] deveu-se à influência do misticismo religioso pagão.

(…)

Mesmo descartando a noção católica da Ceia do Senhor enquanto sacrifício, os modernos cristãos protestantes continuaram abraçando a prática católica da Ceia.

(…)

A Ceia do Senhor composta por um biscoitinho (ou pedacinho de pão) e um dedalzinho de suco de uva (ou vinho) em nada se assemelha a uma ceia de verdade, o mesmo ocorre na Igreja Católica.

O humor é sombrio e taciturno. Como na Igreja Católica, o pastor diz à congregação que cada um tem que se examinar com respeito ao pecado antes de participar dos elementos. Uma prática que veio de João Calvino.

Como o sacerdote católico, muitos pastores ministram a ceia e recitam as palavras da instituição: ‘Este é o meu corpo’ antes de distribuir os elementos à congregação. Da mesma forma que a Igreja Católica. Com apenas algumas poucas mudanças, tudo isso vem do catolicismo medieval” (Cristianismo Pagão, pgs. 113 e 114).

Este é o motivo pelo qual os netsarim da atualidade não realizam o rito denominado “Santa Ceia”, cuja origem está no misticismo católico. Substituem-na pela verdadeira festa determinada pelo ETERNO (pessach), comemorando tanto o episódio da libertação do povo de Yisra’el no Egito quanto – e principalmente – a morte e ressurreição de Yeshua HaMashiach.

Tabela de textos bíblicos

PESSACH

Festa determinada por YHWH

Ex 12:1-28; Lv 23:5.

Na B’rit Chadashá

Mt 26:18,19,26-28; Mc 14:12-16; Lc 2:41; Jo 2:13; At 20:6; Hb 11:28; I Co 5:7-8

 

III – MATSOT

A festa das matsot (“pãos ázimos”) assim está disposta na Torá:

“E aos quinze dias deste mês é a festa da matsá [‘pão ázimo’] de YHWH; sete dias comereis matsá [‘pão ázimo’].

No primeiro dia tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis;

Mas sete dias oferecereis oferta queimada a YHWH; ao sétimo dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.” (Vayikrá/Levítico 23:6-8).

Enquanto pessach é celebrada no 14º dia do primeiro mês, a festa da matsá (ou matsot, no plural) é comemorada no 15º dia do primeiro mês, perdurando sete dias, período em que não se pode ingerir alimentos com chametz (“fermento”, “levedo”). Em verdade, tanto Pessach quanto Matsot compõem uma única festa, razão pela qual alguns grupos as conjugam, denominando ambas de Pessach, enquanto outros setores as unificam sob o nome de Matsot. Estabelecemos a divisão destas festas na presente obra para fins exclusivamente didáticos.

À luz da cultura bíblico-judaica, o fermento é o símbolo da maldade e da corrupção do homem (Mt 16:6 e Mc 8:15).  Então, nestes sete dias de festa, deve-se buscar o ETERNO com intensidade e clamar para que Ele retire de nós todo o fermento (o pecado) que está instalado em nossos corações. Esta festa possui um significado espiritual muito profundo, o que foi destacado por Sha’ul (Paulo):

“Expurgai o fermento velho, para que sejais massa nova, assim como sois sem fermento. Porque o Mashiach [Messias], nosso Pessach, já foi sacrificado.

Pelo que celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com a matsá [pão sem levedo] da sinceridade e da verdade.” (1ª Coríntios 5: 7-8). 

Tabela de textos bíblicos

MATSOT

Festa determinada por YHWH: Lv 23:6-8, Dt 16:1-8

Na B’rit Chadashá: Mt 26:17; Lc 22:1; Mc: 14:1,12; At 12:3 e 20:6; I Co 5:7-8

 

IV – SHAVUOT

Assim prescreve a Torá acerca da festa de shavuot (“semanas”), conhecida popularmente como “pentecostes”:

“Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao shabat [sábado], desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão.

Até ao dia seguinte ao sétimo shabat [sábado], contareis cinquenta dias; então oferecereis nova oferta de alimentos a YHWH.

Das vossas habitações trareis dois pães de movimento; de duas dízimas de farinha serão, levedados se cozerão; primícias são a YHWH.

Também com o pão oferecereis sete cordeiros sem defeito, de um ano, e um novilho, e dois carneiros; holocausto serão a YHWH, com a sua oferta de alimentos, e as suas libações, por oferta queimada de cheiro suave a YHWH.

Também oferecereis um bode para expiação do pecado, e dois cordeiros de um ano por sacrifício pacífico.

Então o sacerdote os moverá com o pão das primícias por oferta movida perante YHWH, com os dois cordeiros; santos serão a YHWH para uso do kohen [sacerdote].

E naquele mesmo dia apregoareis que tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; estatuto perpétuo é em todas as vossas habitações pelas vossas gerações.

E, quando fizerdes a colheita da vossa terra, não acabarás de segar os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou YHWH vosso Elohim.” (Vayikrá/Levítico 23:15-22).

No Judaísmo, comemora-se na festa de shavuot os primeiros frutos da colheita de cereais e o dia em que o ETERNO entregou a Torá no Sinai. Por tal motivo, esta festa é de extrema relevância, pois a Torá é a base do Judaísmo de Yeshua (Matitiayu/Mateus 5:17-19).

Ademais, foi durante a festa de shavuot que os discípulos ficaram cheios da Ruach HaKodesh (espírito de santidade ou “Espírito Santo”), e Kefá (Pedro) começou a anunciar com ousadia a morte e a ressurreição de Yeshua:

“Chegou a festa de Shavuot, e os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar.

E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.

E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.

E todos foram cheios da Ruach HaKodesh [espírito de santidade ou “Espírito Santo”], e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.

(…)

Então Kefá [Pedro] levantou-se com os onze e, em alta voz, dirigiu-se a eles…” (Ma’assei Sh’lichim/Atos 2:1-4 e 14).

Todos aqueles que creem em Yeshua sabem a importância dos eventos ocorridos no capítulo segundo de Ma’assei Sh’lichim (Atos dos Emissários/Apóstolos).  Consequentemente, a festa de shavuot também nos lembra deste grande dia e de todos os gloriosos dias em que os emissários (“apóstolos”) pregaram a mensagem de Yeshua, manifestando inúmeros milagres operados pelo ETERNO.

Como netsarim (nazarenos), devemos nos espelhar nos emissários (“apóstolos”) e pregar a mensagem de arrependimento para que os homens abandonem seus pecados e se voltem para Elohim, recebendo o perdão pelo reconhecimento do sacrifício expiatório de Yeshua HaMashiach (Ma’assei Sh’lichim/Atos 2:38). Nesta jornada, devemos ainda, em nome de Yeshua HaMashiach, curar enfermos e expulsar demônios (Yochanan Marcus/Marcos 16:17 e 18), manifestando sinais, prodígios e maravilhas que testificam que Yeshua é o Mashiach. Portanto, sob a ótica do Judaísmo Nazareno, além de comemorar os primeiros frutos da colheita e a entrega da Torá no Sinai, a festa de Shavuot relaciona-se com a busca do sobrenatural de YHWH e a imersão (“batismo”) em Ruach HaKodesh, aspectos fundamentais a serem perseguidos pelos discípulos de Yeshua.

Tabela de textos bíblicos

SHAVUOT

Festa determinada por YHWH: Lv 23:15-22, Dt 16:9-12

Na B’rit Chadashá: At 2:1 e 20:16; I Co 16:8

 

V – YOM TERUÁ

No Judaísmo tradicional, a festa de Yom Teruá também é chamada de Rosh Hashaná, considerado o “Ano Novo” judaico. Isto se dá pelo fato de muitos judeus crerem que no primeiro dia do sétimo mês houve a criação do mundo pelo ETERNO, ou mais exatamente, Adam (Adam) e Chavá (Eva) foram criados em tal dia, que foi o sexto dia da criação. Não obstante, tal informação acerca da data da criação não consta nas Escrituras, levando outros a repudiarem este dia como sendo o “Ano Novo”. Este assunto é polêmico e não será abordado aqui, deixando-se para outro momento a análise sistemática do tema. A seguir, será exposta a festa de Yom Teruá única e exclusivamente à luz das Escrituras.

Determinou o ETERNO a celebração da festa que se chama Yom Teruá, conhecida por muitos como o dia do toque do shofar (ou “festa das trombetas”, nas traduções para a Língua Portuguesa): 

“E falou YHWH a Moshé [Moisés], dizendo:

Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do dia do mês, tereis descanso absoluto, memorial [recordação] anunciado com o som do shofar, santa convocação.

Nenhum trabalho servil fareis, mas oferecereis oferta queimada a YHWH”. (Vayikrá/Levítico 23:23-25).

Trata-se de uma festa de louvor ao ETERNO e agradecimento, recordando-se os israelitas dos inúmeros livramentos concedidos por ELOHIM, razão pela qual o som emitido pelo shofar representa tanto a invocação dos exércitos do ETERNO quanto o júbilo e regozijo pela vitória do povo de Israel.

Tal vitória relaciona-se ainda com o Dia de YHWH, ou seja, o Dia do Julgamento, ocasião em que soará o som do shofar:

“O grande dia de YHWH está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz do dia de YHWH; clamará ali o poderoso.

Aquele dia será um dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas,

Dia do toque do shofar [‘Dia de trombeta’] e de alarido contra as cidades fortificadas e contra as torres altas.” (Tsefaniyah/Sofonias 1:14-16).

Ora, se o toque do shofar anuncia o dia da vinda de YHWH, para os netsarim tal festa é de extrema relevância, porquanto Yeshua HaMashiach voltará ao som do shofar, isto é, o dia de YHWH é o dia do retorno de Yeshua:

“Porque, se cremos que Yeshua morreu e ressuscitou, assim também aos que dormem em Yeshua, Elohim os tornará a trazer com ele.

Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.

Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com o shofar [‘a trombeta’] de Elohim; e os que morreram no Mashiach [Messias] ressuscitarão primeiro.

Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.

Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.” (Tessalonissayah Álef/1ª Tessalonicenses 4:14-18).

Logo, os netsarim sempre celebraram a festa de Yom Teruá em razão de esta ser determinada pelo ETERNO, bem como pelo fato de ressaltar do Dia de YHWH que se consumará com o retorno do Mashiach.

Tabela de textos bíblicos

YOM TERUÁ

Festa determinada por YHWH

Lv 23:23-25; vide ainda Sf 1:14-16

Na B’rit Chadashá

I Ts 4:14-18

 

VI – YOM KIPUR OU YOM HAKIPURIM

Eis a instituição da festa de Yom Kipur (“dia da expiação” ou “dia do perdão”) nas Escrituras:

“Falou mais YHWH a Moshé [Moisés], dizendo:

Mas aos dez dias desse sétimo mês será yom hakipurim [“o dia das expiações”]; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas [com jejum]; e oferecereis oferta queimada a YHWH.

E naquele mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é yom hakipurim [‘o dia das expiações’], para fazer expiação por vós perante YHWH vosso Elohim.

Porque toda a alma, que naquele mesmo dia se não afligir, será extirpada do seu povo.

Também toda a alma, que naquele mesmo dia fizer algum trabalho, eu a destruirei do meio do seu povo.

Nenhum trabalho fareis; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações em todas as vossas habitações.

Shabat [Sábado] de descanso vos será; então afligireis as vossas almas; aos nove do mês à tarde, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso shabat [sábado].” (Vayikrá/Levítico 23:26-32).

O Yom HaKipurim, mais conhecido como Yom Kipur, ocorre no décimo dia do sétimo mês, ou seja, dez dias após Yom Teruá. É conhecido como o “Dia do Perdão”, porque o povo do ETERNO busca se reconciliar com o Juiz dos Céus, jejuando aproximadamente por 25 horas, período em que há uma consagração absoluta com a finalidade de orar, meditar, reconciliar-se com o próximo, confessar os pecados, enfim, busca-se o perdão do ETERNO.

É um dia de arrependimento, em que há jejum absoluto, ou seja, não se ingere água e nem alimentos.

Nós, que cremos em Yeshua, devemos guardar este dia sagrado pedindo perdão pelos nossos pecados e nos arrependendo, lembrando-nos que o Mashiach foi morto por causa das nossas transgressões (vide Yeshuayahu/Isaías 53 e Yochanan/João 3:16, dentre outros). Ou seja, Yeshua sofreu profunda dor no madeiro e todos nós somos os culpados de sua morte! Logo, precisamos nos arrepender de nossos pecados e pedir constantemente seu perdão, todos os dias, inclusive no dia especialmente designado para este fim pelo ETERNO: Yom Kipur.

Pede-se perdão e almeja-se o verdadeiro arrependimento, marcado por uma mudança de atitude, ou seja, o abandono do pecado. Esta é a razão pela qual devemos pensar duas vezes antes de pecarmos:

“Vocês devem ter consciência de que o resgate pago para libertá-los do estilo de vida inútil passado a vocês por seus pais não consistiu em algo perecível como prata ou ouro; pelo contrário, ele custou o sangue da morte sacrificial do Mashiach, como o de um cordeiro sem defeito ou mancha.” (Kefá Álef/1ª Pedro 1:18-19).

Por conseguinte, se sem derramamento de sangue não há remissão e perdão (Vayikrá/Levítico 17:11 e Ivrim/Hebreus 9:32), o dia de Yom Kipur reporta-se tanto ao sacrifício do Mashiach quanto à sua própria volta, visto que haverá o tikum haolam (a “a correção universal”), ocasião em que os justos receberão o perdão do ETERNO.

Tabela de textos bíblicos

YOM KIPUR

Festa determinada por YHWH

Lv 23:26-32, 16:29-34

Na B’rit Chadashá

Mt 6:16-18; At 27:9; Hb 9:1-7

 

VII- SUKOT

A festa de sukot (“cabanas” ou “tendas”) é conhecida, nas versões portuguesas, como “a festa dos tabernáculos”. Prescrevem as Escrituras:

“E falou YHWH a Moshé [Moisés], dizendo:

Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo será a festa de sukot [tendas ou “tabernáculos”] a YHWH por sete dias.

Ao primeiro dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.

Sete dias oferecereis ofertas queimadas a YHWH; ao oitavo dia tereis santa convocação, e oferecereis ofertas queimadas a YHWH; dia de proibição é, nenhum trabalho servil fareis.

(…)

Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis a festa de YHWH por sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia haverá descanso.

E no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante YHWH vosso Elohim por sete dias.

E celebrareis esta festa a YHWH por sete dias cada ano; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis.

Sete dias habitareis em tendas; todos os naturais em Israel habitarão em tendas;

Para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou YHWH vosso Elohim.” (Vayikrá/Levítico 23:33-36 e 39-43).

Em sukot (cabanas/tendas), o povo do ETERNO habita em tendas durante o período festivo de sete dias, recordando-se dos 40 anos em que os filhos de Israel viveram no deserto.

Lembra-se em tal festa que, mesmo residindo em frágeis cabanas no deserto, nunca faltou a provisão do ETERNO, que se manifestava em coluna de nuvem durante o dia, criando-se uma grande sombra para proteger as pessoas do forte sol, bem como em coluna de fogo durante a noite, aquecendo-se o povo do forte frio. No deserto, o ETERNO fez descer do céu, por quarenta anos, o man (“maná”) para aplacar a fome dos israelitas, e jorrou água da rocha para saciar a sede. Infere-se daí que, ao habitarmos em cabanas pelo período de sete dias na festa de sukot, expressamos nossa confiança no ETERNO, o provedor de todas as coisas, que protegeu, protege e sempre estará a proteger os filhos de Israel.

Esta festa (sukot/“tabernáculos”) também nos remete à primeira vinda de Yeshua:

“E a Palavra [a Torá] se fez carne e tabernaculou entre nós” (Yochanan/João 1:14).

Daí, pode-se entender que a festa de sukot simboliza Yeshua tabernaculando (fazendo morada) entre os homens. Existem muitos estudos apontando que Yeshua provavelmente nasceu durante a festa de Sukot, o que realça ainda mais o brilhantismo da celebração.

Sukot é uma festa extremamente profética, já que fala do reinado messiânico de Yeshua. Assim, quando a celebramos, estamos a invocar profeticamente o retorno do Mashiach: “Vem, Senhor Yeshua!” (Apocalipse 22:20). Por que esta festa tem simbologia profética? Porque quando Yeshua retornar e instaurar o reinado messiânico na Terra, todos continuarão a guardar a festa de Sukot:

“E YHWH reinará sobre toda a terra.

Naquele dia, YHWH será um, e seu nome será um.

(…)

E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, YHWH dos Exércitos, e para celebrarem a festa de sukot [cabanas/‘tabernáculos’].

E acontecerá que, se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, YHWH dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva.

E, se a família dos egípcios não subir, nem vier, não virá sobre ela a chuva; virá sobre eles a praga com que o YHWH ferirá os gentios que não subirem a celebrar a festa de sukot [cabanas].

Este será o castigo do pecado dos egípcios e o castigo do pecado de todas as nações que não subirem a celebrar a festa de sukot [cabanas].” (Zecharyah/Zacarias 14:9 e 16-19).

Ora, o texto acima é de clareza solar ao estipular as consequências para aqueles que não guardarem a festa de Sukot. Isto demonstra como as festas bíblicas são importantes aos olhos do ETERNO e, por tal motivo, sempre foram observadas pelos netsarim.

Vimos acima que a festa de Sukot (“cabanas” ou “tendas) tem a duração de sete dias. Cumpridos estes dias, entra-se no oitavo dia, denominado de shemini atseret (“oitavo dia de assembleia festiva”):

“Sete dias oferecereis ofertas queimadas a YHWH; ao oitavo dia tereis santa convocação [trata-se de shemini atseret], e oferecereis ofertas queimadas a YHWH; dia de proibição é, nenhum trabalho servil fareis.

Estes são os tempos determinados de YHWH, que apregoareis para santas convocações, para oferecer a YHWH oferta queimada, holocausto e oferta de alimentos, sacrifício e libações, cada qual em seu dia próprio;

Além dos shabatot [sábados] de YHWH, e além dos vossos dons, e além de todos os vossos votos, e além de todas as vossas ofertas voluntárias, que dareis a YHWH.

Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis a festa a YHWH por sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia [shemini atseret] haverá descanso.” (Vayikrá/Levítico 23:36-39).

No Judaísmo rabínico, shemini atseret é chamado de Simchát Torá (“alegria da Torá”), dia em que há o costume de se concluir a leitura anual da Torá. Assim, comemora-se com júbilo que o judeu conseguiu ler a Torá inteira durante o ano, e em Simchát Torá o ciclo de leitura termina e imediatamente, no mesmo dia, se recomeça a leitura da Torá. Sobre tal festa, escreveu o rabino Joseph Ber Soloveichik:

“Simchát Torá significa a Alegria da Torá. Isso significa que não basta que um judeu sinta-se feliz com a Torá; a Torá também precisa sentir-se feliz com ele.” (O Mais Completo Guia sobre o Judaísmo, Benjamin Blech, 2004, página 185) .

Aprende-se com as lições do citado rabino que não adianta ler a Torá, mas sim cumprir os mandamentos do ETERNO.

Segundo Yochanan/João 7:1-6,10 e 17, Yeshua participou de todos os dias da festa de Sukot. Ora, se Shemini Atseret é a convocação sagrada no oitavo dia de Sukot, conclui-se que o Mashiach guardou esta solenidade, pois todos os israelitas voltaram para suas casas somente após a conclusão da festa, e Yeshua estava no meio deles (Jo 7:53).

Tabela de textos bíblicos

SUKOT

Festa determinada por YHWH

Lv 23:33-36 e 39-43; Dt 16:13-15; vide ainda Zc 14:9 e 16-19

Na B’rit Chadashá

Jo 7:1-6,10

 

VIII- PURIM E CHANUKÁ 

Além das festas designadas pelo ETERNO em Vayikrá/Levítico 23, apresentadas acima, existem mais duas festas que foram acrescentadas posteriormente pela tradição israelita: Purim e Chanuká.

Apesar de tais festas não estarem prescritas na Torá, são relevantes para o povo de Israel, porquanto constam das Escrituras. Purim é narrada no livro de Ester, enquanto a festa de Chanuká é descrita nos livros de Macabeus. Estes últimos, apesar de não constarem do atual cânon judaico e protestante, eram usados normalmente no primeiro século, tanto é verdade que estão insertos na Septuaginta, e a B’rit Chadashá (Aliança Renovada/“Novo Testamento”) relata que Yeshua participava da festa de Chanuká, conforme Yochanan/João 10:22. 

Purim é uma celebração festiva dos eventos descritos no livro de Ester, em que os filhos de Israel receberam grande livramento da tentativa de seus inimigos de exterminá-los. Daí a palavra Purim, que significa “sorteios”, pois, no livro de Ester, o perverso Haman estabeleceu um sorteio a fim de encontrar o dia em que conseguiria destruir os judeus. Porém, Haman terminou por ser enforcado na própria forca que tinha preparado para o justo Mordechái. Então, na festa de Purim se comemora a vitória dos justos sobre os ímpios. Eis a previsão bíblica:

“Por isso aqueles dias chamam Purim, do nome Pur; assim também por causa de todas as palavras daquela carta, e do que viram sobre isso, e do que lhes tinha sucedido,

Confirmaram os judeus, e tomaram sobre si, e sobre a sua descendência, e sobre todos os que se achegassem a eles, que não se deixaria de guardar estes dois dias conforme ao que se escrevera deles, e segundo o seu tempo determinado, todos os anos.

E que estes dias seriam lembrados e guardados em cada geração, família, província e cidade, e que esses dias de Purim não fossem revogados entre os judeus, e que a memória deles nunca teria fim entre os de sua descendência.” (Ester 9:26-28).

Outra importante festa é a de chanuká (“consagração”), em que se celebra a vitória de Israel sobre a dominação grega, que havia imposto a cultura helenística com toda a sua idolatria, cujos eventos estão descritos nos livros de Macabim Álef e Bet (1º e 2º Macabeus). Comemora-se a consagração e a purificação do Beit HaMikdash (Templo) do ETERNO, que havia sido profanado pelos pagãos, inclusive estes chegaram a fazer sacrifícios pagãos no local a Zeus. Citam-se alguns textos acerca desta festa:

“E Yehudá [Judas], com seus irmãos e toda a assembleia de Israel, estabeleceu que os dias da consagração do altar seriam celebrados a seu tempo, cada ano, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu, com júbilo e alegria.” (1º Macabeus 4:59).

“Sob a direção de YHWH, Macabeu e os seus companheiros retomaram o Templo e a cidade.    

Demoliram então os altares [idólatras] construídos pelos estrangeiros na praça pública, bem como seus oratórios.    

Depois, tendo purificado o Santuário, levantaram outro altar para os holocaustos. E logo, extraindo a centelha das pedras, tomaram do fogo resultante e ofereceram sacrifícios, após uma interrupção de dois anos. Queimaram também o incenso, acenderam as lâmpadas e fizeram a apresentação dos pães.    

Realizadas essas coisas, prostraram-se com o ventre por terra, suplicando a YHWH que não mais os deixasse cair em tão grandes males. Mas que, se tornassem a pecar, fossem por ele corrigidos com moderação, sem contudo serem entregues às nações blasfemas e bárbaras.    

Assim, no dia em que o Santuário havia sido profanado pelos estrangeiros, nesse mesmo dia sucedeu realizar-se a purificação do Santuário, isto é, no vigésimo quinto dia do mesmo mês, que era o de Casleu.    

E com júbilo celebraram oito dias de festa, como para as Tendas, recordando-se que, pouco tempo antes, durante a própria festa das tendas, estavam obrigados a viver nas montanhas e nas cavernas, à maneira de feras.    

Eis por que, trazendo tirsos e ramos vistosos, bem como palmas, entoavam hinos Aquele que de modo tão feliz os conduzira à purificação do seu Lugar.    

Depois, com um público edito confirmado por votação, prescreveram a toda a nação dos judeus que celebrassem anualmente esses dias.” (Macabim Bet/2º Macabeus 10:1-8).    

Após a exposição sintética de todas estas festas, destacaremos a seguir que Yeshua e os netsarim as celebravam regularmente.

 

IX – YESHUA E AS FESTAS BÍBLICAS

Primeiramente, cabe destacar que Yeshua afirmou que não veio revogar a Torá, mas torná-la plena (Matityahu/Mateus 5:17). Logo, não há razão para crer que não tenha participado das festas.

Em segundo lugar, vimos que as festas mencionadas não foram criadas por homens, mas sim determinadas pelo próprio ETERNO (Vayikrá/Levítico 23) e são mandamentos para serem cumpridos. Ora, se Yeshua não tivesse participado de alguma festa, então, teria violado um mandamento da Torá e, consequentemente, estaria em pecado, já que pecado significa violação da Torá (Yochanan Álef/1ª João 3:4). Todavia, sabemos que Yeshua nunca pecou (Ivrim/Hebreus 4:15), razão pela qual se conclui com toda a certeza que Yeshua celebrava as festas bíblicas.

Ante tais argumentos, não se precisaria provar que o Mashiach guardou as festas, porquanto temos certeza de tal fato. Pensar de modo contrário, como fazem alguns cristãos que desprezam as festas bíblicas, significaria declarar que Yeshua viveu em pecado, o que é uma blasfêmia!

Insta repetir: Yeshua guardou todas as festas designadas pelo ETERNO, sendo este o motivo pelo qual seus discípulos devem cumpri-las.

Citam-se, a título de mera amostragem, algumas passagens em que Yeshua participou ativamente das festas bíblicas:

“Ora, todos os anos iam seus pais a Yerushalayim [Jerusalém] à festa de pessach [páscoa];

E, tendo ele já doze anos, subiram a Yerushalayim [Jerusalém], segundo o costume do dia da festa.” (Lucas 2:41-42).

“E estava próxima pessach [páscoa], e Yeshua subiu a Yerushalayim [Jerusalém]” (Yochanan/João 2:13).

“E depois disto Yeshua andava pela Galil [Galileia], e já não queria andar pela região de Yehudá [Judeia], pois os habitantes dali procuravam matá-lo.

E estava próxima a festa de sukot [cabanas ou “tabernáculos”].

Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e vai para a região de Yehudá [Judeia], para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.

Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.

Porque nem mesmo seus irmãos criam nele.

Disse-lhes, pois, Yeshua: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto.

O mundo não vos pode odiar, mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más.

Subi vós a esta festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda o meu tempo não está cumprido.

E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galil [Galileia].

Mas, quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele também, não manifestamente, mas como em oculto.

(…)

Mas, no meio da festa subiu Yeshua ao Beit HaMikdash [Templo], e ensinava” (Yochanan/João 7:1-10 e 14).

“E em Yerushalayim [Jerusalém] havia a festa de chanuká, e era inverno.

E Yeshua andava passeando no Beit HaMikdash [Templo], no alpendre de Shlomoh [Salomão]”. (Yochanan/João 10:22-23).

Conforme o expendido e os textos citados, não restam dúvidas de que Yeshua celebrava as festas bíblicas, o que nos leva a seguir seu exemplo e guardá-las devidamente, tal como determinou o ETERNO.

 

X – SHA’UL E AS FESTAS BÍBLICAS

Muitos cristãos ensinam incorretamente que Sha’ul (Paulo) pregou contra a Torá e não a cumpria, o que é um absurdo, tendo em vista que Sha’ul afirmou expressamente que guardava a Torá (At 21:24, 25:8 e Rm 3:31). Logo, se as festas bíblicas são instituídas pela Torá, depreende-se com toda segurança que Sha’ul (Paulo) as celebrava, o que é ratificado pelas Escrituras.

Com efeito, Sha’ul estabelece uma série de admoestações acerca da festa de pessach (páscoa), que estava sendo celebrada incorretamente pelos habitantes de Corinto, muitos deles gentios que não estavam acostumados com a típica celebração judaica (Curintayah Álef/1ª Coríntios 11:17-34). Mister registrar que tal episódio refere-se à festa de pessach, em que há um seder (refeição/ceia) comunal, e não ao instituto cristão denominado “Ceia do Senhor”. Esta última não existe nas Escrituras e, como dito, tem origem no paganismo.

Além de pessach, vejamos outras passagens em que existe a referência de Sha’ul (Paulo) no contexto das festas bíblicas:

“E, depois dos dias da festa das matsot [pães ázimos], navegamos de Filipos, e em cinco dias fomos ter com eles a Trôade, onde estivemos sete dias.” (Ma’assei Sh’lichim/Atos 20:6).

“Porque já Sha’ul [Paulo] tinha determinado passar ao largo de Éfeso, para não gastar tempo na Ásia. Apressava-se, pois, para estar, se lhe fosse possível, em Yerushalayim [Jerusalém] no dia da festa de shavuot [semanas ou “pentecostes”].” (Ma’assei Sh’lichim/Atos 20:16).

“E, passado muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, pois, também o Yom Kipur [dia da expiação, com jejum] já tinha passado, Sha’ul [Paulo] os admoestava.” (Ma’assei Sh’lichim/Atos 27:9).

“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de chametz [fermento] faz levedar toda a massa?

Alimpai-vos, pois, do chametz [fermento] velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem chametz [fermento]. Porque o Mashiach [Messias], nosso pessach [páscoa], foi sacrificado por nós.

Por isso façamos a festa, não com o chametz [fermento] velho, nem com o chametz [fermento] da maldade e da malícia, mas com a matsá  [pão ázimo] da sinceridade e da verdade.” (Curintayah Álef/1ª Coríntios 5:6-8).

“Ficarei, porém, em Éfeso até a festa de shavuot [semanas ou “pentecostes”].” (Curintayah Álef/1ª Coríntios 16:8).

 

XI – CONCLUSÃO

À luz dos argumentos bosquejados, todos fundamentados nas Escrituras, chega-se com firmeza às seguintes conclusões:

1) as festas bíblicas foram determinadas pelo ETERNO como estatuto perpétuo e para todas as gerações;

2) Yeshua guardava as festas do ETERNO;

3) os netsarim (nazarenos) também celebravam as festas bíblicas, e não participavam das festas pagãs;

4) o Natal e o Ano Novo, tal como outras festas seculares, têm origem no paganismo, devendo o discípulo de Yeshua se apartar de tais comemorações.

Caro leitor, desejo-lhe boas festas bíblicas, e não pagãs!

 

Extraído do livro “Judaísmo Nazareno: o Caminho de Yeshua e de seus Talmidim” (Tsadok Ben Derech)

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