Analisaremos agora os argumentos daqueles que acham que o domingo é o dia de YHWH, rechaçando-os e evidenciando como são frágeis e desprovidos de fundamento escriturístico.
1ª Falsa afirmativa: Yeshua ressuscitou no domingo. Então, o shabat foi substituído pelo domingo
Primus, destaca-se que não existe nenhum texto na Bíblia dizendo: “o shabat (sábado) foi substituído pelo domingo em razão da ressurreição de Yeshua”. Veremos mais adiante que quem substituiu “oficialmente” o shabat pelo domingo foi o Imperador Romano Constantino, que se “converteu” a Yeshua HaMashiach. Mesmo sendo “convertido”, Constantino matou a própria mulher e sua filha, e frequentava os templos pagãos de adoração ao deus sol. Em verdade, tal Imperador sempre foi pagão e idólatra, substituindo o dia do ETERNO (shabat) pelo dia dedicado ao deus sol (domingo).
Ainda que Yeshua tivesse ressuscitado no domingo, as Escrituras não falam e nem autorizam a mudança do mandamento do shabat para o domingo.
Ademais, não se pode afirmar com precisão que Yeshua ressuscitou na manhã de domingo. Vejam como a teologia cristã é contraditória: afirma que Yeshua foi crucificado na sexta-feira e ressuscitou na manhã domingo. Se isto fosse verdade, então, Yeshua HaMashiach teria mentido ao dizer que ficaria três dias e três noites no seio da terra (Mt 12: 39-40). Por quê? Porque de sexta até a manhã de domingo não há três noites. Ou seja, Yeshua teria ficado apenas duas noites (sexta e sábado) no seio da terra, o que contraria a própria Bíblia.
E mais: quando Miryiam (Maria) e Miryiam de Magdala (Maria Madalena) foram ao sepulcro no domingo, Yeshua já tinha ressuscitado (Mt 28:1).
Muitos acham que Yeshua ressuscitou na manhã de domingo por conta do texto de Yochanan Marcus (João Marcos) em Mc 16:9. Vejamos o que realmente diz este texto no aramaico, língua falada por Yeshua [1] e por seus talmidim (discípulos):
ܒ݁ܫܰܦ݂ܪܳܐ ܕ݁ܶܝܢ ܒ݁ܚܰܕ݂ ܒ݁ܫܰܒ݁ܳܐ ܩܳܡ ܘܶܐܬ݂ܚܙܺܝ ܠܽܘܩܕ݂ܰܡ ܠܡܰܪܝܰܡ ܡܰܓ݂ܕ݁ܠܳܝܬ݁ܳܐ ܗܳܝ ܕ݁ܫܰܒ݂ܥܳܐ ܫܺܐܕ݂ܺܝ̈ܢ ܐܰܦ݁ܶܩ ܗ݈ܘܳܐ ܡܶܢܳܗ݁
Tradução de Yochanan Marcus/Marcos 16:9, diretamente do aramaico:
“E no início da manhã, no primeiro dia após o shabat, ele se levantou [ou: ressuscitou] e apareceu primeiramente a Miryam de Magdala, de quem sete demônios havia expulsado”.
No verso acima, o verbo “Qom” (ܩܳܡ) significa “ele se levantou” ou “ele ressuscitou”. Assim sendo, o texto pode ser interpretado de duas maneiras distintas:
1) no início da manhã do primeiro dia após o shabat, ou seja, na manhã de domingo, Yeshua se levantou e apareceu primeiramente a Miryam de Magdala. De acordo com esta interpretação, o verso citado não diz que Yeshua ressuscitou no domingo, mas sim que no domingo Yeshua já tinha ressuscitado e se levantou para encontrar Miryiam. Então, conclui-se que Yeshua ressuscitou antes daquele encontro que se deu na aurora do domingo.
2) no início da manhã do primeiro dia após o shabat, ou seja, na manhã de domingo, Yeshua ressuscitou e apareceu primeiramente a Miryam de Magdala. Consoante esta segunda interpretação, Yeshua realmente ressuscitou na manhã de domingo, mas mesmo assim o texto não fala que tal fato anulou o shabat, e obviamente o ETERNO não invalidaria a sua própria Palavra que instituiu o shabat como dia sagrado.
Há inúmeros estudos de especialistas dissertando que Yeshua foi crucificado na quarta-feira e ressuscitou no shabat (sábado), ou no final deste, durante a havdalá [2], enquanto outros alegam que Yeshua foi executado na quinta-feira e ressuscitou no shabat ou na havdalá. As teorias da morte de Yeshua na quarta ou quinta-feira – e não na sexta, como propagada pela grande maioria dos cristãos – decorrem da premissa de que o sábado mencionado em Mc 15:42 não é o sétimo dia da semana, mas sim o feriado bíblico de Chag Matsot (“Festa dos Pães Ázimos”), que é considerado um dia de descanso e, consequentemente, também é chamado de shabat (sábado) [3].
Toda confusão a respeito do tema se deve ao fato de as pessoas desconhecerem o calendário bíblico-judaico do primeiro século, chegando a conclusões absurdas, tal como a de que Yeshua faleceu na sexta e ressuscitou na manhã de domingo, o que não completa “os três dias e três noites” mencionados por Yeshua em Mt 12: 39-40.
Conclusão: Yeshua é o Messias e sempre falou a verdade, e por tal razão se passaram três dias e três noites entre sua morte e ressurreição (Mt 12: 39-40). Independentemente do dia da ressurreição, seja ele qual for, o shabat foi decretado pelo ETERNO nas Escrituras como dia sagrado e imutável.
2ª Falsa afirmativa: os cristãos se reuniam no domingo, pois este é o dia de culto (At 20:7)
Muitos afirmam que guardam o domingo por conta de At 20:7. Caro leitor, leia todo o contexto de At 20: 7-9. Diz o texto (At 20: 8) que havia muitas lamparinas no local. Então, concluímos que se tratava de uma reunião à noite. Pois bem, de acordo com o calendário bíblico-judaico, o primeiro dia da semana começa no final da tarde, isto é, no início da noite (e não à meia-noite). Todo judeu sabe disto e devemos lembrar que Yeshua e todos os emissários (“apóstolos”) eram judeus e seguiam o calendário de acordo com as Escrituras, e não o moderno calendário gregoriano, ditado pelo Papa Gregório III. Então, o primeiro dia da semana (domingo) começa na noite do sábado dos gentios (para os judeus, já se trata de um novo dia, o primeiro dia da semana, isto é, o domingo).
Logo, os discípulos estavam guardando o shabat (sábado) durante o dia inteiro. Quando começou a noite de sábado no calendário gentílico (momento da celebração judaica da Havdalá [4]), para os judeus aquele horário já era considerado “primeiro dia da semana”. Qualquer judeu que leia Atos 20: 7-9 perceberá isto com muita facilidade, pois segue o calendário dado pelo ETERNO e não o calendário ocidental imposto pela Igreja Católica Romana. De acordo com o calendário bíblico, até hoje adotado pelos judeus, o dia não começa após a meia-noite e sim no final da tarde, quando se escurece, ou seja, o início de um novo dia se dá pelo final da tarde. Para os ocidentais, isto soa estranho, porém, a própria Bíblia afirma que o início do dia se dá pela tarde: “e foi a tarde e a manhã” (Bereshit/Gênesis 1:4, 8, 13, 19, 23, 31).
O teólogo judeu David Stern afirma que a reunião mencionada em Atos 20:7 ocorreu no sábado à noite, pois uma “reunião noturna no sábado se encaixaria com mais naturalidade na observância judaica do Shabat” (Comentário Judaico do Novo Testamento Judaico, pg. 328). Dizendo de outro modo: os discípulos de Yeshua guardaram o shabat o dia inteiro e celebraram o final deste dia sagrado na cerimônia conhecida como Havdalá, que ocorre no sábado à noite, e esta é a ocasião referida em Atos 20:7-9.
O mesmo raciocínio se aplica ao texto de I Co 16: 1-2. Tendo em vista que os judeus cultuam o ETERNO no shabat, esperam o final deste dia (sábado à noite para o calendário gentio e “primeiro dia da semana” para os judeus) para coletar dinheiro aos pobres. Ou seja, os discípulos ficaram reunidos em culto durante todo o shabat e, ao final deste dia, ofertaram aos necessitados, pois então já era “o primeiro dia da semana”.
Na verdade, os discípulos de Yeshua se reuniam todos os dias (Atos 2: 46), mas guardavam o shabat (sábado) como o dia santificado pelo ETERNO, porquanto faz parte das Asseret HaDibrot (Dez Palavras ou “Dez Mandamentos”) – Devarim/Deuteronômio 5: 12-15. Assim, nas palavras do teólogo David Stern, uma comunidade pode escolher qualquer dia para prestar culto, “mas elementos de cultos específicos [5] do Shabat deveriam ser incluídos apenas no Shabat (do pôr do sol da sexta-feira até o pôr do sol de sábado)” (ob.cit., pg. 531).
3ª Falsa afirmativa: o shabat é um dia santo apenas para os judeus e não para os gentios
O ETERNO falou para Yeshayahu (Isaías) que o estrangeiro (gentio) deveria guardar o shabat. Vejam: não foi Yeshayahu (Isaías) quem disse, mas o próprio ETERNO:
“Que nenhum estrangeiro que se disponha a unir-se a YHWH venha a dizer: “É certo que YHWH me excluirá do seu povo”. E que nenhum eunuco se queixe: “Não passo de uma árvore seca”. Pois assim diz YHWH: Aos eunucos que guardarem os MEUS SHABATOT [SÁBADOS], que escolherem o que me agrada e se apegarem à minha aliança, a eles darei, dentro de meu templo e dos seus muros, um memorial e um nome melhor do que filhos e filhas, um nome eterno, que não será eliminado.
E os estrangeiros [gentios] que se unirem a YHWH para servi-lo, para amarem o nome de YHWH e prestar-lhe culto, TODOS os que guardarem o SHABAT [SÁBADO] deixando de profaná-lo, e que se apegarem à minha aliança, esses eu trarei ao meu santo monte e lhes darei alegria em minha casa de oração.” (Yeshayahu/Isaías 56: 3-7).
Como vimos no texto acima, o ETERNO promete que o shabat também será para o gentio (estrangeiro). Aliás, não faria sentido que um dia fosse para o judeu (shabat) e outro dia (domingo) fosse para o gentio, uma vez que o ETERNO não faz acepção de pessoas e ambos se tornam um só povo por meio de fé em Yeshua HaMashiach.
Vejam: o shabat integra as Asseret HaDibrot (“Dez Mandamentos”) – Dt 5: 12-15. Faria sentido achar que os “Dez Mandamentos” são apenas para os judeus? Será que o gentio pode matar, adulterar e ser idólatra? É claro que não! Conclusão: os “Dez Mandamentos” são para os judeus e para os gentios. Se o shabat (sábado) é um dos 10 Mandamentos (Dt 5: 12-15), então, o gentio também deve guardá-lo, conforme vimos no citado texto de Yeshayahu (Isaías).
Todo cristão sabe que deve observar os Dez Mandamentos, porém, arbitrariamente, risca da Bíblia o quarto mandamento (a guarda do shabat). Faz sentido obedecer a 9 dos Dez Mandamentos e fechar os olhos para um deles?
4ª Falsa afirmativa: Yeshua violou o shabat
Ensinam as doutrinas católica e evangélica que Yeshua violou o shabat e, portanto, este deixou de ser o dia santificado. Leciona-se erroneamente que Yeshua transgrediu o shabat, uma vez que realizou muitas curas neste dia, bem como a expulsão de demônios (exemplos: Mc 3: 2-5; Lc 13: 10-17; Lc 14: 1-6; Jo 7: 19-24).
Ora, não há nenhum texto na Bíblia dizendo que é proibido curar enfermos e expulsar demônios no shabat. A Torá nunca disse que era proibido fazer o bem no shabat, como curar pessoas.
A Torá apenas determina que as pessoas se abstenham de realizar atividades seculares no shabat, como o comércio (Devarim/Deuteronômio 5:12-15). Se biblicamente o shabat é um dia para santificar ao ETERNO e realizar a sua obra, então, é e sempre foi lícito realizar o bem no shabat, como curar enfermos e expulsar demônios. Isto não significa transgredir o 4º mandamento.
Yeshua nunca disse: “eu profanei o shabat”. Os que disseram que Yeshua violou o shabat foram alguns dos p’rushim (fariseus) e nunca o próprio Mashiach (Messias) ou seus discípulos. Esses p’rushim (fariseus) merecem crédito? Acreditamos nos p’rushim (fariseus) ou em Yeshua? Infelizmente, parte da Igreja toma como verdade a alegação dos fariseus que Yeshua tanto criticou.
Há um texto nas Escrituras que é mal traduzido, levando a entender que Yeshua teria profanado o shabat. Citaremos este texto em várias versões e, em seguida, demonstraremos que as traduções estão totalmente incorretas.
João 5:18: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Almeida Corrigida e Fiel).
João 5:18: “Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu Pai, fazendo a si próprio igual a Deus” (King James Atualizada).
João 5:18: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Almeida Revista e Atualizada).
João 5:18: “Por causa destas palavras, as autoridades judaicas procuravam cada vez mais dar-lhe a morte, porque ele não só transgredia a lei do sábado, mas até se fazia igual a Deus, ao afirmar que Deus era o seu Pai” (Sociedade Bíblica de Portugal).
Estão incorretas as traduções acima apontadas. A redação de Yochanan/João 5:18 em aramaico esclarece a questão:
ܘܡܶܛܽܠ ܗܳܕ݂ܶܐ ܝܰܬ݁ܺܝܪܳܐܝܺܬ݂ ܒ݁ܳܥܶܝܢ ܗ݈ܘܰܘ ܝܺܗܽܘܕ݂ܳܝ̈ܶܐ ܠܡܶܩܛܠܶܗ ܠܳܐ ܒ݁ܰܠܚܽܘܕ݂ ܕ݁ܫܳܪܶܐ ܗ݈ܘܳܐ ܫܰܒ݁ܬ݂ܳܐ ܐܶܠܳܐ ܐܳܦ݂ ܕ݁ܥܰܠ ܐܰܠܳܗܳܐ ܕ݁ܰܐܒ݂ܽܘܗ݈ܝ ܐܺܝܬ݂ܰܘܗ݈ܝ ܐܳܡܰܪ ܗ݈ܘܳܐ ܘܡܰܫܘܶܐ ܗ݈ܘܳܐ ܢܰܦ݂ܫܶܗ ܥܰܡ ܐܰܠܳܗܳܐ
TRADUÇÃO:
“E por causa disso, os moradores de [Yehudá] ainda mais procuravam matá-lo, não só porque ele tinha afrouxado o shabat, mas também porque ele tinha falado sobre Elohim, que Ele é seu Pai, e estava fazendo-se igual a Elohim”.
No aramaico, o verbo utilizado (ܕ݁ܫܳܪܶܐ) significa que Yeshua afrouxou, soltou ou desapertou o shabat. O Texto Grego também usa verbo que denota “afrouxar” (⎣ύ⎤). Portanto, a tradução correta indica que Yeshua “afrouxou o shabat”. Qual o sentido desta cláusula?
“Afrouxar” é uma expressão rabínica que significa permitir algo em termos de halachá (Talmud, Berachot 5b e 6c, Sanhedrin 28a e Avodá Zará 37a). Ou seja, enquanto os fariseus “apertavam” o shabat, entendendo que seria proibida a cura milagrosa neste dia, Yeshua “afrouxou o shabat”, interpretando a Torá no sentido de que esta não veda a cura no shabat.
Assim sendo, Yeshua não violou o shabat, mas conferiu a correta interpretação das Escrituras. Com efeito, o Talmud também considera lícitas atividades no shabat destinadas à preservação da vida (ex: cura operada por médicos), porque “a vida prevalece sobre o shabat” (Yoma 85b). Até hoje os rabinos ortodoxos em Israel admitem que médicos trabalhem no shabat para atender aos enfermos.
Logo, à luz da Torá e do Talmud, Yeshua não violou o shabat, apenas o “afrouxou”, ou seja, estabeleceu uma interpretação mais flexível do que a interpretação daqueles homens. Não houve violação do shabat, apenas uma melhor interpretação acerca do que significa cumprir o shabat.
Vejamos outro importante ponto: pecado significa violar a Torá do ETERNO. O shabat faz parte da Torá, sendo um dos Dez Mandamentos (Dt 5:12-15). Conclusão: quem viola o shabat comete pecado, pois descumpre um dos preceitos. Ora, se Yeshua tivesse profanado o shabat, ele não seria o Messias, pois teria pecado, desobedecendo a um dos Dez Mandamentos. E, como é da sabença de todos, Yeshua não teve pecado, motivo pelo qual ele não transgrediu o 4º mandamento.
5ª Falsa afirmativa: o shabat pode ser guardado em qualquer dia, inclusive no domingo
De acordo com as Escrituras, o shabat não se refere ao domingo (primeiro dia da semana), nem à segunda-feira (segundo dia), nem à terça-feira (terceiro), e assim sucessivamente. O shabat deve ser santificado apenas no sétimo dia (Shemot/Êxodo 20:10 e Devarim/Deuteronômio 5:14).
Logo, o ser humano não pode arbitrariamente mudar o dia específico determinado pelo ETERNO.
6ª Falsa afirmativa: o apóstolo Paulo criticou a guarda do sábado em Gálatas 4:10-11
Já foi explicado que Sha’ul (Paulo) guardava o shabat regularmente, como era de seu costume (Ma’assei Sh’lichim/Atos 17:2). Por conseguinte, no texto de Gálatas 4:10-11, Sha’ul (Paulo) não estava criticando o dia instituído como santo pelo ETERNO. Aliás, Sh’aul não teria a audácia de contradizer um mandamento criado por ELOHIM, o Criador dos céus e da terra.
Em verdade, Sha’ul estava combatendo os dias especiais de adoração pagã. Naquela cidade, havia rituais idólatras e inúmeros feriados ligados ao paganismo (“dias especiais”). Sh’aul condenou que os fiéis a Yeshua participassem daqueles eventos, tendo em vista que muitos dos recém-convertidos provinham de religiões idólatras. Seria o mesmo que condenar, atualmente, os “crentes” que participam do Carnaval e de outras festividades pagãs.
7ª Falsa afirmativa: o apóstolo Paulo criticou a guarda do sábado em Romanos 14:5-6
Já foi asseverado que Sh’aul (Paulo) observava o mandamento do shabat (Ma’assei Sh’lichim/Atos 17:2), logo, não faria sentido que Sh’aul cumprisse o mandamento e contraditoriamente dissesse que “todos os dias são iguais”.
Basta ler todo o texto de Romanos 14 e se perceberá que o debate gira em torno da alimentação, e não do shabat. O foco do tema em discussão se refere ao jejum judaico realizado duas vezes por semana, às segundas e às quintas-feiras, conforme atestam o Talmud Bavli, Tratado de Ta’anit 12a, e o Didaquê 8:1 (vide também Lc 18:12 e Mc 2:18-20).
Aqueles que jejuavam duas vezes por semana estavam se julgando superiores àqueles que não realizavam tais jejuns às segundas e às quintas-feiras. Sha’ul (Paulo) entendeu que aquele que jejuava em dias específicos (segundas e quintas) não deveria criticar aqueles que não consideravam estes dias especiais e optavam por não jejuar ou por jejuar em quaisquer outros dias. Eis o motivo pelo qual escreveu: “Uma pessoa considera alguns dias mais santos que os outros, ao passo que outra pessoa os considera iguais. O importante é que cada pessoa esteja plenamente convencida. Quem considera um dia especial, o faz para honrar a Elohim.” (Rm 14:5-6).
Destarte, a discussão analisada nada tem que ver com o shabat. Aliás, Sha’ul não seria tolo para criticar o shabat, mandamento escrito pelo próprio dedo do ETERNO (Shemot/Êxodo 31:18 e 32:16 combinados com Shemot/Êxodo 20:8-11 e Devarim/Deuteronômio 5:12-15).
Extraído do livro “Judaísmo Nazareno: o Caminho de Yeshua e de seus Talmidim” (Tsadok Ben Derech)
Notas
1 Yeshua também falava hebraico, língua santa das Escrituras.
2 Havdalá é a cerimônia israelita realizada logo após o término do shabat, ao anoitecer. A palavra significa “separação”, e tem por objetivo apontar que o shabat chegou ao fim, separando a santidade deste dia em relação aos demais dias da semana, caracterizados pelo trabalho e “correria” do cotidiano.
3 Na Chag Matsot (“Festa dos Pães Ázimos”), há convocações sagradas no primeiro e no sétimo dia da festa, sendo proibido o trabalho nestas datas (Lv 23:7-8). Por tal motivo, cada um destes dias é considerado como sendo “shabat” (descanso), podendo recair sobre qualquer dia da semana. Então, o shabat de Mc 15:42 não é o sétimo dia da semana, mas sim um dia de convocação sagrada em Chag Matsot.
4 Havdalá é a cerimônia israelita realizada logo após o término do shabat, ao anoitecer. A palavra significa “separação”, e tem por objetivo apontar que o shabat chegou ao fim, separando a santidade deste dia em relação aos demais dias da semana, caracterizados pelo trabalho e “correria” do cotidiano.
5 Existem elementos específicos para o dia de shabat como, por exemplo, as proibições de trabalhar, de transportar cargas etc. No final deste livro, no capítulo denominado “CONCLUSÃO: SEJA UM NAZARENO! RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS”, há uma lista de preceitos e dicas práticas para aquele que deseja guardar o shabat, servindo como “pequeno manual” para a observância deste dia.